Vacina da rubéola na gestação

A vacina contra a rubéola contém vírus vivo atenuado, o que significa que poderia haver risco, mesmo que pequeno, de infecção fetal após a vacinação materna. Com a vacinação ocorre viremia, porém de menor duração que a provocada pela infecção natural. Embora o vírus não seja detectável na maioria dos casos, ele pode atravessar a barreira placentária e entrar em contato com o feto, em aproximadamente 5% dos casos.

Devido ao fato do vírus selvagem da rubéola ser altamente teratogênico no início da gestação, a vacina, que é composta pelo vírus vivo atenuado, não é recomendada durante a gestação e aconselha-se às mulheres que receberam a vacina evitar a concepção até um mês após a vacinação.

Por outro lado, nenhum estudo até o momento, demonstrou a existência de síndrome da rubéola congênita após a vacinação de mulheres grávidas. O Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) possui um registro de 683 mulheres grávidas que receberam inadvertidamente a vacina entre os anos de 1979 a 1988 e encontrou os seguintes resultados: entre as 272 mulheres suscetíveis na vacinação, houveram 212 bebês nascidos vivos; ocorreram 13 abortos espontâneos ou natimortos; 31 abortos induzidos e 18 nascimentos com resultados desconhecidos. Estes resultados estão dentro do esperado para a espécie humana.

Um estudo realizado no Canadá comparou as taxas de malformações fetais em crianças nascidas de 94 mulheres que receberam inadvertidamente a vacina contra a rubéola com 94 mulheres grávidas que não foram vacinadas durante a gestação. A taxa de anormalidades fetais foi similar em ambos os grupos. Nenhuma diferença significativa existiu em taxas de perdas fetais, baixo peso ao nascimento, ou problemas de desenvolvimento entre os dois grupos. Resultados de testes relacionados à audição também foram equivalentes nos dois grupos.

Considerando o poder estatístico da amostra mundial disponível até o momento, matematicamente ainda não se pode afastar um risco de até 1,2% dos fetos expostos. Portanto, o seguimento das gestantes expostas inadvertidamente à vacinação poderá contribuir com dados significativos para aumentar esta margem de segurança.

Em conclusão, não existe nenhuma evidência de que a vacinação pela rubéola durante a gravidez seja teratogênica e a vacinação inadvertida de gestantes não deve ser uma razão para a interrupção da gravidez.

Conduta do SIAT: De uma maneira geral, a conduta de nosso serviço tem sido de eletivamente preconizar a vacinação pré-concepcional com a espera recomendada de um mês antes de engravidar, que é o período de segurança para desenvolvimento de imunidade, com a preocupação não tanto de evitar o risco de infecção pela vacina, mas principalmente para evitar infecção por vírus selvagem neste período em que a vacina ainda não conferiu imunidade.Por outro lado, temos tranqüilizado as gestantes já expostas inadvertidamente à vacina, com base na literatura disponível. Tendo em vista o risco potencial de desenvolvimento de infecção após a vacinação, devem sempre ser investigados sinais e sintomas pós-vacina nas pacientes expostas, os quais poderiam indicar risco aumentado de infecção fetal.