Coronavírus: COVID-19

O que sabemos sobre os riscos da infecção por SARS-Cov-2 (COVID-19) na gestante, feto e recém-nascido

Publicada em: 11/11/2020 – BOLETIM #9

Resumo:

As mulheres grávidas são um grupo de preocupação especial com relação a infecções respiratórias, por modificações fisiológicas, como aumento na necessidade de oxigênio, diminuição da capacidade pulmonar e alterações no sistema imune. Mesmo assim, a maioria das gestantes com infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) que causa a doença COVID-19 não tem complicações graves e os sintomas são os de um quadro gripal ou mesmo tão leves que passem desapercebidos (assintomáticas).  

 Uma proporção menor de mulheres com Covid-19 desenvolve pneumonia, com síndrome respiratória grave, especialmente naquelas com doenças crônicas presentes ou fatores de risco associados como obesidade, diabetes, problemas respiratórios prévios, tabagismo e hipertensão. Estes casos podem estar associados à probabilidade maior de prematuridade, pré-eclampsia e restrição de crescimento intra-uterino. 

Um levantamento publicado no inicio de novembro pelo Centers of Disease Control (CDC) dos Estados Unidos avaliou aproximadamente 400.000 mulheres sintomáticas para Covid-19, com idades entre 15 e 44 anos. Observou-se que situações como admissão em unidades de tratamento intensivo, necessidade de intubação ou de oxigenação extracorpórea e mesmo morte foram mais frequentes nas grávidas do que nas mulheres não grávidas. Neste sentido, mulheres grávidas devem ser aconselhadas sobre o seu maior risco de complicações associadas ao COVID-19, incluindo morte. Medidas de prevenção de contágio em gestantes devem ser prioritárias. Mesmo assim, os riscos absolutos destes desfechos incluindo a morte materna, ainda são inferiores a 1% neste estudo (ver revisão da literatura abaixo)

Efeitos teratogênicos (anormalidades nos bebês) não foram relatadas até o momento. A transmissão vertical pela placenta, se existente, ocorre em um número pequeno de casos.

Atualmente, não existem dados sugerindo risco maior de abortamento espontâneo ou perda precoce da gravidez em relação ao COVID-19. Prematuridade parece estar associada à infecção materna por Sars-CoV-2.

Um aumento de mortes maternas no Brasil, comparativamente a outros países, ainda precisa ser confirmado, podendo dever-se a acesso aos serviços de saúde, maior prevalência de fatores de risco, entre outros.

Não há evidências da passagem do Sars-Cov-2 para o leite materno e a amamentação deve ser mantida com devidos cuidados.

O Ministério da Saúde do Brasil publicou a Nota Informativa 13/2020 com um Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera frente à Pandemia de COVID disponível em: https://bit.ly/30tYZWu (acessado em 14 de setembro de 2019)

Revisão da literatura:

O novo coronavírus (SARS-CoV-2) é uma cepa de um vírus pertencente à família de coronavírus que causa a doença COVID-19. Esta nova cepa do vírus foi identificada pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China em 2019. Outras infecções por coronavírus incluem o resfriado comum (HCoV 229E, NL63, OC43 e HKU1), Síndrome Respiratória do Oriente-Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS-CoV). As infecções causadas pelo coronavírus MARS e SARS em gestantes podem causar abortamento, parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino e morte materna. Estas complicações podem ser causadas tanto pela hipóxia ou pela “tempestade de citocinas” causada pelos vírus SARS-CoV.1

A pneumonia grave se caracteriza por hipoxemia que pode levar à hipóxia placentária que com liberação de fatores pró-inflamatórios, disfunção endotelial, hipertensão e lesão de órgãos. Como consequência, casos de pneumonia grave, independente do vírus causador, podem se associar a desfechos adversos na gravidez.2

Uma revisão sistemática publicada em setembro de 2020 incluiu 39 artigos completos com desfechos obstétricos e fetais de 1.136 gestantes infectadas por Sars-Cov-2 (n=1271), Sars-Cov (n=33) e MERS-Cov (n=12). 2

Dados dos Estados Unidos identificaram hospitalização em até 30% de gestantes sintomáticas com COVID-19.3 Outros trabalhos relatam doença respiratória grave entre 8 e 11% com 1% de risco de morte materna.4-6

Possível transmissão vertical foi descrita em alguns casos no final da gravidez e também infecção placentária, o que poderia ocasionar a perda fetal.2,7 Entretanto, até o momento o único desfecho fetal que parece estar associado ao COVID-19 na mãe é a prematuridade.8

Não há casos de anormalidades congênitas (malformações) descritos na literatura10.

Orientações do Ministério da Saúde:

Recomendações para o manejo de gestantes e puérperas durante a pandemia de Covid-19 foram publicadas e recentemente atualizadas pelo Ministério da Saúde e disponíveis em: https://bit.ly/30tYZWu

IMPORTANTE: A febre na gestante deve ser sempre controlada com antitérmico devido ao risco que a hipertermia materna tem sobre o feto. O antitérmico indicado é o paracetamol

AMAMENTAÇÃO

Não há evidências de passagem do SARS-Cov-2 para o leite materno. Desta forma até o presente momento, a recomendação é a liberação da amamentação, mas com uso de medidas que garantam a proteção tanto da mãe quanto a do RN. A UNICEF e OMS também recomendam o aleitamento em casos de mães assintomáticas ou com poucos sintomas se tomadas as medidas preventivas de transmissão, como a higienização das mãos e uso de máscaras.

Referências Bibliográficas:

  1. Wenling Y, Junchao Q, Xiao Z, Ouyang S. Pregnancy and COVID-19: management and challenges. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2020;62:e62. doi:10.1590/s1678-9946202062062
  2. Diriba K, Awulachew E, Getu E. The effect of coronavirus infection (SARS-CoV-2, MERS-CoV, and SARS-CoV) during pregnancy and the possibility of vertical maternal-fetal transmission: a systematic review and meta-analysis. Eur J Med Res. 2020;25(1):39. doi:10.1186/s40001-020-00439-w
  3. Ellington S, Strid P, Tong VT, et al. Characteristics of Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status – United States, January 22-June 7, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020; 69: 769–75.
  4. Knight M, Bunch K, Vousden N, et al. Characteristics and outcomes of pregnant women admitted to hospital with confirmed SARS-CoV-2 infection in UK: national population-based cohort study. BMJ 2020; 369: m2107.
  5. Vivanti AJ, Mattern J, Vauloup-Fellous C, et al. Retrospective Description of Pregnant Women Infected with Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, France. Emerg Infect Dis 2020; 26. DOI:10.3201/eid2609.202144.
  6. Badr DA, Mattern J, Carlin A, et al. Are clinical outcomes worse for pregnant women ≥ 20 weeks’ gestation infected with COVID-19? A multicenter case-control study with propensity score matching. Am J Obstet Gynecol 2020; published online July 27. DOI:10.1016/j.ajog.2020.07.045.
  7. Kotlyar A, Grechukhina O, Chen A, et al. Vertical Transmission of COVID-19: A Systematic Review and Meta-analysis. Am J Obstet Gynecol 2020; DOI:10.1016/j.ajog.2020.07.049.
  8. Khalil A, von Dadelszen P, Draycott T, et al. Change in the Incidence of Stillbirth and Preterm Delivery During the COVID-19 Pandemic. JAMA 2020; DOI:10.1001/jama.2020.12746.
  9. Zambrano LD, Ellington S, Strid P, et al. Update: Characteristics of Symptomatic Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status – United States, January 22-October 3, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020 Nov 6;69(44):1641-1647. doi: 10.15585/mmwr.mm6944e3.
  10. Rotshenker-Olshinka K, Volodarsky-Perel A, Steiner N, Rubenfeld E, H Dahan M. COVID-19 pandemic effect on early pregnancy: are miscarriage rates altered, in asymptomatic women? Arch Gynecol Obstet. 2020 Nov 9. doi: 10.1007/s00404-020-05848-0.
  11. Woodworth KR, Olsen EO, Neelam V et al. COVID-19 Pregnancy and Infant Linked Outcomes Team (PILOT). Birth and Infant Outcomes Following Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection in Pregnancy – SET-NET, 16 Jurisdictions, March 29-October 14, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020 Nov 6;69(44):1635-1640. doi: 10.15585/mmwr.mm6944e2.

Publicada em: 15/09/2020 – BOLETIM #8

Resumo:

As mulheres grávidas são um grupo de preocupação especial com relação a infecções respiratórias, por modificações fisiológicas, como aumento na necessidade de oxigênio, diminuição da capacidade pulmonar e alterações no sistema imune. Mesmo assim, a maioria das gestantes com infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) que causa a doença COVID-19 não tem complicações graves e os sintomas são os de um quadro gripal ou mesmo tão leves que passem desapercebidos (assintomáticas).  

Uma proporção menor de mulheres com Covid-19 desenvolve pneumonia, com síndrome respiratória grave, especialmente naquelas com doenças crônicas presentes ou fatores de risco associados como obesidade, diabetes, problemas respiratórios prévios, tabagismo e hipertensão. Estes casos podem estar associados à uma probabilidade maior de prematuridade, pré-eclampsia e restrição de crescimento intra-uterino. 

Atualmente, não existem dados sugerindo risco maior de abortamento espontâneo ou perda precoce da gravidez em relação ao COVID-19. Relatos de casos com gravidez precoce com SARS e MERS não demonstram relação convincente entre infecção e aumento do risco de abortamento espontâneo ou perda no segundo trimestre.

Efeitos teratogênicos (anormalidades nos bebês) não foram relatadas até o momento. A transmissão vertical pela placenta, se existente, ocorre em um número pequeno de casos.

Um aumento de mortes maternas no Brasil, comparativamente a outros países, ainda precisa ser confirmado, podendo dever-se a acesso aos serviços de saúde, maior prevalência de fatores de risco, entre outros.

Não há evidências da passagem do Sars-Cov-2 para o leite materno e a amamentação deve ser mantida com devidos cuidados.

O Ministério da Saúde do Brasil publicou a Nota Informativa 13/2020 com um Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera frente à Pandemia de COVID disponível em: https://saude.gov.br/images/pdf/2020/September/02/Manual-de-Recomenda—-es-para-Gestante.pdf (acessado em 14 de setembro de 2019)

Revisão da literatura:

O novo coronavírus (SARS-CoV-2) é uma cepa de um vírus pertencente à família de coronavírus que causa a doença COVID-19. Esta nova cepa do vírus foi identificada pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China em 2019. Outras infecções por coronavírus incluem o resfriado comum (HCoV 229E, NL63, OC43 e HKU1), Síndrome Respiratória do Oriente-Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS-CoV). As infecções causadas pelo coronavírus MARS e SARS em gestantes podem causar abortamento, parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino e morte materna. Estas complicações podem ser causadas tanto pela hipóxia ou pela “tempestade de citocinas” causada pelos vírus SARS-CoV.1

A pneumonia grave se caracteriza por hipoxemia que pode levar à hipóxia placentária que com liberação de fatores pró-inflamatórios, disfunção endotelial, hipertensão e lesão de órgãos. Como consequência, casos de pneumonia grave, independente do vírus causador, podem se associar a desfechos adversos na gravidez.2

Uma revisão sistemática publicada em setembro de 2020 incluiu 39 artigos completos com desfechos obstétricos e fetais de 1.136 gestantes infectadas por Sars-Cov-2 (n=1271), Sars-Cov (n=33) e MERS-Cov (n=12). 2

Dados dos Estados Unidos identificaram hospitalização em até 30% de gestantes sintomáticas com COVID-19.3 Outros trabalhos relatam doença respiratória grave entre 8 e 11% com 1% de risco de morte materna.4-6

Possível transmissão vertical foi descrita em alguns casos no final da gravidez e também infecção placentária, o que poderia ocasionar a perda fetal.2,7 Entretanto, até o momento o único desfecho fetal que parece estar associado ao COVID-19 na mãe é a prematuridade.8

Não há casos de anormalidades congênitas (malformações) descritos na literatura.

Orientações do Ministério da Saúde:

Recomendações para o manejo de gestantes e puérperas durante a pandemia de COVID-19 foram publicadas e recentemente atualizadas pelo Ministério da Saúde e disponíveis em: https://saude.gov.br/images/pdf/2020/September/02/Manual-de-Recomenda—-es-para-Gestante.pdf

IMPORTANTE

A febre na gestante deve ser sempre controlada com antitérmico devido ao risco que a hipertermia materna tem sobre o feto. O antitérmico indicado é o paracetamol

AMAMENTAÇÃO

Não há evidências de passagem do SARS-Cov-2 para o leite materno. Desta forma até o presente momento, a recomendação é a liberação da amamentação, mas com uso de medidas que garantam a proteção tanto da mãe quanto a do RN. A UNICEF e OMS também recomendam o aleitamento em casos de mães assintomáticas ou com poucos sintomas se tomadas as medidas preventivas de transmissão, como a higienização das mãos e uso de máscaras.

Referências Bibliográficas:

  1. Wenling Y, Junchao Q, Xiao Z, Ouyang S. Pregnancy and COVID-19: management and challenges. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2020;62:e62. doi:10.1590/s1678-9946202062062
  2. Diriba K, Awulachew E, Getu E. The effect of coronavirus infection (SARS-CoV-2, MERS-CoV, and SARS-CoV) during pregnancy and the possibility of vertical maternal-fetal transmission: a systematic review and meta-analysis. Eur J Med Res. 2020;25(1):39. doi:10.1186/s40001-020-00439-w
  3. Ellington S, Strid P, Tong VT, et al. Characteristics of Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status – United States, January 22-June 7, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2020; 69: 769–75.
  4. Knight M, Bunch K, Vousden N, et al. Characteristics and outcomes of pregnant women admitted to hospital with confirmed SARS-CoV-2 infection in UK: national population-based cohort study. BMJ 2020; 369: m2107.
  5. Vivanti AJ, Mattern J, Vauloup-Fellous C, et al. Retrospective Description of Pregnant Women Infected with Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, France. Emerg Infect Dis 2020; 26. DOI:10.3201/eid2609.202144.
  6. Badr DA, Mattern J, Carlin A, et al. Are clinical outcomes worse for pregnant women ≥ 20 weeks’ gestation infected with COVID-19? A multicenter case-control study with propensity score matching. Am J Obstet Gynecol 2020; published online July 27. DOI:10.1016/j.ajog.2020.07.045.
  7. Kotlyar A, Grechukhina O, Chen A, et al. Vertical Transmission of COVID-19: A Systematic Review and Meta-analysis. Am J Obstet Gynecol 2020; DOI:10.1016/j.ajog.2020.07.049.
  8. Khalil A, von Dadelszen P, Draycott T, et al. Change in the Incidence of Stillbirth and Preterm Delivery During the COVID-19 Pandemic. JAMA 2020; DOI:10.1001/jama.2020.12746.

Publicada em: 22/07/2020 – BOLETIM #7

Resumo:

De acordo com os estudos disponíveis até o momento sobre gestação e Coronavírus (COVID-19), gestantes não parecem apresentar risco adicional e o curso da doença não tem se mostrado diferente do restante da população da mesma faixa etária. Complicações maternas com síndrome respiratória grave e pré-eclampsia tem sido observadas em mulheres com comorbidades presentes (obesidade, diabetes, problemas respiratórios prévios, tabagismo, hipertensão). Efeitos teratogênicos (defeitos congênitos) não foram relatados até o momento. A transmissão vertical pela placenta, se existente, ocorre em um número pequeno de casos. A prematuridade tem sido observada, mas principalmente em situações de cesariana por necessidade materna relacionada ao Covid-19.

O novo coronavírus (SARS-CoV-2) é uma cepa de um vírus pertencente à família de coronavírus que causa a doença COVID-19. Esta nova cepa do vírus foi identificada pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China em 2019. Outras infecções por coronavírus incluem o resfriado comum (HCoV 229E, NL63, OC43 e HKU1), Síndrome Respiratória do Oriente-Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS-CoV).

As infecções causadas pelo coronavírus MARS e SARS em gestantes podem causar abortamento, parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino e morte materna. Por outro lado, não há evidências que indicam que o SARS-CoV-2 tenha as mesmas consequências. As evidências atuais indicam que gestantes e puérperas não possuem risco aumentado à COVID-19 (MINISTÉRIO DA SAÚDE/SAPS, 2020; RCOG, 2020).

As recomendações do Ministério da Saúde para gestantes e puérperas com síndrome gripal e Covid-19 são:

  • Devem ser valorizadas as queixas de dispneia na presença de síndrome gripal em gestantes;
  • Em gestantes com sinais de agravamento deve-se considerar o início imediato de oxigenoterapia, monitorização contínua e encaminhamento hospitalar;
  • A febre na gestante deve ser sempre controlada com antitérmico devido ao risco que a hipertermia materna tem sobre o feto. O antitérmico indicado é o paracetamol;
  • Para puérperas, deve-se manter a amamentação, seguindo todas as recomendações de higiene (máscara, lavar as mãos sempre após tocar no rosto e antes de tocar no recém-nascido);
  • Manter, de preferência, o bebê e mãe em quartos separados. Quando não possível, manter a distância mínima de 1m entre mãe e berço;

Recomendações mais recentes do Ministério da Saúde incluem (MINISTÉRIO DA SAÚDE – OMPC, 2020):

Recomendações no manejo clínico de gestantes suspeitas de síndrome respiratória aguda por SARS-CoV-2:

  • Não utilizar rotineiramente corticosteroides. Entretanto, o uso de esteroides para promover a maturidade fetal em parto prematuro antecipado pode ser considerado individualmente.
  • Monitoramento da frequência cardíaca fetal.
  • Monitoramento da contração uterina.
  • Planejamento individualizado do parto.
  • Abordagem baseada em equipe multidisciplinar.
  • Alterações no padrão da frequência cardíaca fetal podem ser um indicador precoce da piora da respiração materna.
  • Deve-se avaliar com cautela se o parto fornece benefícios a uma gestante gravemente  doente.

A decisão quanto ao parto deve considerar a idade gestacional do feto e deve ser feita em conjunto com o neonatologista.

Outras recomendações podem ser encontradas no Protocolo de Manejo Clínico de Gestantes com Suspeita ou Confirmação de Covid-19, disponível em https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/protocolo-de-manejo-clinico-de-gestantes-com-suspeita-ou-confirmacao-de-covid-19/.

 

Efeitos maternos e fetais:

Os estudos disponíveis até o momento indicam que as mulheres grávidas não parecem ser mais suscetíveis às consequências da infecção pelo SARS-CoV-2 do que a população em geral. Contudo, mulheres grávidas apresentam maior susceptibilidade à patógenos respiratórios, especialmente se possuírem doenças crônicas ou outras complicações maternas. Portanto, apesar destes dados, os quais são limitados, deve ser dada uma consideração especial para gestantes, principalmente para as que apresentam alguma condição médica concomitante à infecção pelo SARS-CoV-2, pelo menos até que novas evidências providenciem informações mais claras. Não foram relatadas mortes de mulheres grávidas infectadas até o momento.

A grande maioria das mulheres experimentará apenas sintomas leves ou moderados do tipo resfriado/gripe. Tosse, febre e falta de ar são outros sintomas relevantes. Sintomas mais graves, como pneumonia e hipóxia acentuada, são amplamente descritos em pessoas idosas, imunossuprimidas e naquelas com condições de longo prazo, como diabetes, câncer e doenças pulmonares crônicas, que apresentam COVID-19. Esses sintomas podem ocorrer em mulheres grávidas.

Um estudo prospectivo de coorte analisou 42 gestações com diagnóstico laboratorial confirmado de COVID-19 (MENDOZA et al., 2020). Em 62,5% dos casos que apresentaram pneumonia severa, foram encontrados sinais e sintomas de pré-eclâmpsia/síndrome HELLP, sendo 11,9% do total de casos. Apenas um dos casos com sintomas de pré-eclâmpsia/síndrome HELLP não foi submetido a um parto prematuro por cesárea, nele os sintomas se resolveram espontaneamente após a melhora da pneumonia severa.

Uma série de casos publicados testaram o líquido amniótico, sangue do cordão umbilical e amostras de leite materno de mães infectadas com SARS-CoV-2 e todas as amostras apresentaram resultado negativo para o vírus. Além disso, foram testadas placentas de mães infectadas, as quais apresentaram resultado negativo para o vírus. A transmissão, desta forma, é mais provável que ocorra enquanto recém-nascido. Não há evidências sobre a transmissão através de fluidos genitais.

Um estudo avaliou as características clínicas de COVID-19 na gestação e seu potencial de transmissão vertical (CHEN, H. et al., 2020). As gestantes infectadas apresentaram sintomas como febre (7/9), tosse (4/9), mialgia (3/9), dor de garganta (2/9) e mal-estar (2/9). Cinco gestantes apresentaram linfopenia (<1×109 células por L). Três gestantes apresentaram aumento na concentração de aminotransferase. Nenhuma das pacientes desenvolveu pneumonia severa devido a COVID-19. Todos os bebês nasceram vivos e apresentaram escore Apgar de 1 min de 8-9 e escore de Apgar de 5 min de 9-10. Não foi observado nenhum caso de asfixia neonatal. O líquido amniótico, sangue de cordão umbilical, swab de garganta do neonato e amostra de leite materno foram testadas para SARS-CoV-2 e todas as amostras apresentaram resultado negativo para o vírus. O artigo conclui que as características clínicas de COVID-19 em gestantes são similares às reportadas em pacientes adultos não-gestantes (CHEN et al., 2020). Além disso, não há evidências que sugiram a transmissão vertical de COVID-19.

Um artigo descreveu o caso de um neonato de 15 dias de idade positivo para SARS-CoV-2 (AGHDAM et al., 2020). Ele apresentou febre, letargia, dificuldade respiratória sem tosse e manchas cutâneas. Nasceu por cesariana e os dois pais apresentavam histórico de febre e tosse. O neonato apresentou melhora do quadro e teve alta após 6 dias de internação. Um estudo avaliou 16 gestantes positivas para SARS-CoV-2 e 18 casos suspeitos (LI et al., 2020). Observaram mais complicações maternas em gestantes positivas ou com suspeita de COVID-19 do que no grupo controle. Contudo, não foram observadas complicações graves maternas ou neonatais. Além disso, nenhum neonato testou positivo para SARS-CoV-2. Ainda sobre o risco de transmissão materno-fetal, um estudo apresentou dois casos de gestantes positivas para COVID-19, eles não detectaram SARS-CoV-2 em nenhum dos neonatos (FAN et al., 2020). Duas revisões de casos de artigos com dados oficiais publicados, observaram que, dentre as gestantes infectadas por SARS-CoV-2 avaliadas, nenhum neonato ou placenta testou positiva para COVID-19 (KARIMI-ZARCHI  2020; PANAHI et al., 2020).

Um estudo realizado na província de Hubei, na China, avaliou 17 gestantes positivas para COVID-19, com período gestacional variando de 35 a 41 semanas durante o acompanhamento a partir do momento que apresentaram positividade para COVID-19 (KHAN et al., 2020). Cinco gestantes apresentaram complicações e todos os partos foram realizados por cesárea, sendo três nascimentos prematuros. As amostras de sangue do cordão umbilical e de swab de garganta do neonato foram coletadas logo após o nascimento (até 24h). Não foi registrada morte fetal ou neonatal. Dentre os 17 neonatos avaliados, apenas dois tiveram suspeita de COVID-19, devido a teste positivo em amostra de swab de garganta, enquanto cinco apresentaram pneumonia neonatal. Destes com pneumonia neonatal, três eram prematuros e um suspeito para COVID-19. Os autores sugerem que a infecção por COVID-19 em gestantes pode levar ao parto prematuro e a pneumonia neonatal (KHAN. et al., 2020). Apesar de dois neonatos terem suspeita de COVID-19, o que indicaria evidência para transmissão vertical, os autores não encontraram evidências convincentes para confirmar o potencial de transmissão vertical do coronavírus. Além disso, embora o teste em amostra de swab de garganta ter sido positivo em dois neonatos, os autores trazem que não foi possível confirmar a infecção por não ter resultados de teste em amostra de cordão umbilical, apesar das amostras terem sido coletadas (KHAN. et al., 2020).

Há o relato de transmissão transplacentária de SARS-CoV-2 em uma mulher infectada durante as semanas finais da gestação (VIVANTI et al., 2020). O critério tomado como prova da transmissão transplacentária foi a detecção do vírus em fluido amniótico coletado antes da ruptura das membranas e em sangue coletado no início da vida, com a presença dos genes “E” e “S” do SARS-CoV-2 em todas as amostras. Foram encontrados sinais de inflamação no tecido placentário, além de maior carga viral do que no fluido amniótico e no sangue materno. O neonato não apresentou pneumonia nem sintomas específicos, mas apresentou sintomas neurológicos. O neonato não recebeu tratamento específico nem antivirais e apresentou melhora gradual, com alta hospitalar no 18 dia de vida. Com quase 2 meses de idade apresentou melhora dos sintomas neurológicos, além de exame clínico normal (VIVANTI et al, 2020).

Atualmente, não existem dados sugerindo um risco maior de abortamento espontâneo ou perda precoce da gravidez em relação ao COVID-19. Relatos de casos com gravidez precoce com SARS e MERS não demonstram relação convincente entre infecção e aumento do risco de abortamento espontâneo ou perda no segundo trimestre. Como não há evidência de infecção fetal intrauterina com COVID-19, é atualmente considerado improvável que haja efeitos congênitos.

Em outras nove gestações de mulheres que tiveram a ocorrência da infecção por SARS-CoV-2 entre 29 e 36 semanas, nenhum dos lactentes necessitou de cuidados médicos e coronavírus não foi detectado em cultura de líquido amniótico ou amostras de leite de seis das gestações. Havia três bebês que pesavam menos de 2500g, atribuíveis à prematuridade ou à pré-eclâmpsia. Todas as mulheres foram submetidas a cesariana, mas nenhuma evidência foi apresentada indicando que a cesariana é necessária devido a infecção por coronavírus

Entre 10 recém-nascidos de 9 mulheres com pneumonia por COVID-19, 6 nasceram prematuros, incluindo uma gestação gemelar. Os sintomas respiratórios ocorreram em 6 crianças, incluindo um bebê a termo. Outra criança nascida com quase 35 semanas morreu com falência de múltiplos órgãos. O teste para coronavírus foi negativo em 9 bebês que foram testados (CHEN et al,2020)

Há relatos de casos de recém-nascidos saudáveis com testes negativos para PCR COVID-19 de amostras nasofaríngeas que apresentaram IgM específica para vírus no soro. Outro relatório identificou 3 bebês COVID-19 positivos com doença respiratória sintomática em um grupo de nascidos de 33 mulheres com pneumonia por COVID-19. Em um bebê, asfixia e sepse perinatais podem ter contribuído para os sintomas. Todos os bebês se recuperaram. Esses relatos sugeriram, mas não comprovaram, a transmissão vertical no útero. Uma mulher com doença respiratória sintomática por COVID-19 e febre apresentou um aborto com 19 semanas de gestação. A PCR de amostra materna vaginal e sanguínea e amostras de líquido amniótico, superfícies fetais e timo fetal, pulmão e fígado foram negativas para SARS-CoV-2, mas o tecido profundamente incisado da placenta foi positivo após a desinfecção da superfície. Um relato de 43 pacientes obstétricas positivos para COVID-19 por PCR indicou que a maioria delas era sintomática ou se tornou sintomática, mas que a doença era leve em 86%. Entre os 18 bebês nascidos dessas mulheres, nenhum parecia ter doença respiratória associada ao COVID-19 e todos foram negativos para o vírus. Uma revisão de março de 2020 apresentou 55 casos publicados anteriormente de COVID-19 em gestantes, indicando 43% de prevalência de nascimentos prematuros e 2% de óbito neonatal. A doença materna não parecia pior do que na população não gestante e a transmissão vertical não havia sido claramente demonstrada.

 

Lactação:

Em seis casos chineses, o leite materno testado para o coronavírus apresentou resultado negativo para a COVID-19. No entanto, dado o pequeno número de casos, essa evidência deve ser interpretada com cautela. O SARS-CoV-2 não foi detectado no leite humano em três relatórios (LACKEY, K.A et al., 2020; YANG, N. et al., 2020; CHEN, L. et al., 2020). Outro artigo relatou vírus no leite e no lactente de uma mulher com sintomas de COVID-19 nos dias 10 a 14 de lactação (GROSS et al, 2020).

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA e o Royal College de Obstetras e Ginecologistas (RCOG) do Reino Unido levando em consideração as evidências atuais aconselha que os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus através do leite materno. Sugerem que os riscos e benefícios do aleitamento, incluindo o risco de segurar o bebê perto da mãe, devem ser discutidos com a mãe. Além disso, recomendam algumas precauções a serem tomadas durante o aleitamento (RCOG, 2020; FEBRASGO, 2020):

  • Lavar as mãos antes de tocar o bebê, mamadeira ou bomba de leite;
  • Utilizar máscara facial durante o aleitamento;
  • Seguir as recomendações de limpeza da bomba de leite após cada uso;
  • Considerar pedir para alguém não afetado que alimente o bebê com o leite materno.

Além disso, de acordo com as recomendações da Sociedade Italiana de Neonatologia (SIN), endossadas pela Sociedade Neonatal & Perinatal da União Europeia (UENPS), a amamentação deve ser recomendada em casos de mães, assintomáticas ou com poucos sintomas, positivas para COVID-19 ou mães, com poucos sintomas, em investigação para infecção por SARS-CoV-2 (DAVANZO et al., 2020). Juntamente com a amamentação devem ser tomadas medidas preventivas à transmissão de SARS-CoV-2 ao neonato. Em casos de mães, com sintomas de infecção respiratória (febre, tosse e secreções) e consideradas muito doentes, positivas para COVID-19 ou sob investigação não é recomendado o aleitamento e devem ser tomadas medidas preventivas à transmissão de SARS-CoV-2 ao neonato. Outras instituições como UNICEF e OMS também recomendam o aleitamento em casos de mães assintomáticas ou com poucos sintomas se tomadas as medidas preventivas de transmissão, como a higienização das mãos, bancadas e uso de máscaras (UNICEF, 2020).

Referências Bibliográficas:

Cuifang Fan, Di Lei, Congcong Fang, Chunyan Li, Ming Wang, Yuling Liu, Yan Bao, Yanmei Sun, Jinfa Huang, Yuping Guo, Ying Yu, Suqing Wang. Perinatal Transmission of COVID-19 Associated SARS-CoV-2: Should We Worry? [Published ahead of print, 2020 Mar 17]. Clin Infect Dis. 2020. DOI: 10.1093/cid/ciaa226

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Publicada em: 01/06/2020 – BOLETIM #6

Efeitos do COVID-19 em gestantes:

Publicações científicas somando 38 gestações na China (todas infectadas por SARS-Cov-2 no terceiro trimestre de gravidez) indicam que as gravidas não tiveram sintomas mais graves do que as mulheres que não estão grávidas.1-7 Um relatório da missão conjunta da Organização Mundial da Saúde na China, também observou 147 gestações, sendo 64 confirmadas para o SARS-Cov-2. Doença grave ocorreu em 8% das mulheres, e crítica em 1%. Este relatório conclui que o curso da doença respiratória por SARS-Cov-2 em grávidas não é diferente do restante da população sem outros riscos.2 Um estudo observou maior frequência de complicações maternas em gestantes positivas ou com suspeita de COVID-19 do que no grupo controle. Nenhuma destas complicações foi considerada grave8.

Uma revisão sistemática recente incluiu 18 artigos publicados com um total de 114 gestantes com COVID-19. Todas as infecções foram registradas no terceiro trimestre. As características clínicas da infecção nas mulheres gestantes não foram diferentes de mulheres adultas não gestantes na mesma idade.9

Crianças que nasceram de mães com COVID-19 durante a gravidez:

Ainda é cedo para saber se o vírus tem efeito teratogênico (causar anormalidades) no feto. Mas o vírus não foi detectado em testes de líquido amniótico, sangue de cordão umbilical ou secreção de garganta do recém-nascido, o que parece indicar que até o momento não temos evidência de transmissão intra-uterina (vertical). 6-9               

A transmissão pela placenta depende da quantidade do vírus na circulação materna. Até o momento os dados indicam que os níveis de RNA viral no sangue materno são baixos e não há transmissão vertical. A transmissão perinatal existe, mas é rara. Entre 179 neonatos de mães com COVID-19, testados para SARS-CoV-2 ao nascimento, transmissão foi suspeita em 8 casos.11  

Uma revisão sistemática incluindo artigos publicados até abril de 2020 incluiu 114 gestações com os seguintes desfechos foram registrados: nascidos mortos (1,2%), morte neonatal (1,2%), parto prematuro (21,3%), peso ao nascimento inferior a 2.500g (5,3%), sofrimento fetal (10,7%) e asfixia neonatal (1,2%).10

O que sabemos sobre OUTRAS infeções virais ou outros coronavírus:

Sabemos que infecções por outros tipos de vírus podem causar efeitos adversos, como o vírus da rubéola e o vírus zika.

Por outro lado, até o momento, os Coronavirus como grupo (o SARS-Cov-2 é um dos vírus deste grupo) não são caracterizados como teratogênicos (causadores de malformações no feto), mas a doença materna pode causar outras complicações, como prematuridade e perda gestacional.5

Febre na gravidez: A febre alta pode causar problemas fetais e deve ser controlada. Na gravidez, a maioria dos antitérmicos é considerada segura, mas os anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, DEVEM SER EVITADOS no terceiro trimestre, e a preferência é para dipirona e paracetamol.1

Amamentação: Amostras de leite de algumas poucas mulheres lactantes não detectaram a presença do SARS-Cov-2 no leite materno.6,12 Mães assintomáticas ou com sintomas leves podem amamentar, mas com uso de medidas de proteção para evitar a transmissão para o bebê. O Ministério da Saúde do Brasil recomenda a manutenção da amamentação em mulheres com COVID-19 desde que tomados cuidados de higienização adequados:  (https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/Protocolo-de-Manejo-Cl–nico-para-o-Covid-19.pdf)

IMPORTANTE:
É importante salientar que em média 10 a 15% de todas as gestações terminam em perda (abortos) e as malformações congênitas acontecem em 3 a 5% de todos os recém-nascidos. Estes dados são uma média para todas as populações do mundo ao longo dos anos, e chamamos de risco base.

Referências Bibliográficas:

1 Chen D, Yang H, Cao Y, et al. Expert consensus for managing pregnant women and neonates born to mothers with suspected or confirmed novel coronavirus (COVID-19) infection [published online ahead of print, 2020 Mar 20]. Int J Gynaecol Obstet. 2020;10.1002/ijgo.13146. doi:10.1002/ijgo.13146

2 World Health Organization. Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

3 Liu Y, Chen H, Tang K, Guo Y. Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy [published online ahead of print, 2020 Mar 4]. J Infect. 2020;S0163-4453(20)30109-2. doi:10.1016/j.jinf.2020.02.028

4 Liu D, Li L, Wu X, et al. Pregnancy and Perinatal Outcomes of Women With Coronavirus Disease (COVID-19) Pneumonia: A Preliminary Analysis [published online ahead of print, 2020 Mar 18]. AJR Am J Roentgenol. 2020;1–6. doi:10.2214/AJR.20.23072

5 Schwartz DA. An Analysis of 38 Pregnant Women with COVID-19, Their Newborn Infants, and Maternal-Fetal Transmission of SARS-CoV-2: Maternal Coronavirus Infections and Pregnancy Outcomes [published online ahead of print, 2020 Mar 17]. Arch Pathol Lab Med. 2020;10.5858/arpa.2020-0901-SA. doi:10.5858/arpa.2020-0901-AS

6 Chen H, Guo J, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y.Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet. 2020 Mar 7;395(10226):809-815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3.

7 Li Y, Zhao R, Zheng S, et al. Lack of Vertical Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, China. Emerg Infect Dis. 2020;26(6):10.3201/eid2606.200287. doi:10.3201/eid2606.200287

8 Li N, Han L,Peng M, et al. Maternal and Neonatal Outcomes of Pregnant Women With COVID-19 Pneumonia: A Case-Control Study. [Published online ahead of print, 2020 Mar 30]. Clin Infect Dis. 2020. doi: 10.1093/cid/ciaa352

9 Yang Z, Wang M, Zhu Z, Liu Y. Coronavirus disease 2019 (COVID-19) and pregnancy: a systematic review [published online ahead of print, 2020 Apr 30]. J Matern Fetal Neonatal Med. 2020;1‐4. doi:10.1080/14767058.2020.1759541

10  Qiancheng X, Jian S, Lingling P, et al. Coronavirus disease 2019 in pregnancy [published online ahead of print, 2020 Apr 27]. Int J Infect Dis. 2020;S1201-9712(20)30280-0. doi:10.1016/j.ijid.2020.04.065

11 Egloff C, Vauloup-Fellous C, Picone O, Mandelbrot L, Roques P. Evidence and possible mechanisms of rare maternal-fetal transmission of SARS-CoV-2 [published online ahead of print, 2020 May 18]. J Clin Virol. 2020;128:104447. doi:10.1016/j.jcv.2020.104447

12 Wu Y, Liu C, Dong L, et al. Coronavirus disease 2019 among pregnant Chinese women: Case series data on the safety of vaginal birth and breastfeeding [published online ahead of print, 2020 May 5]. BJOG. 2020;10.1111/1471-0528.16276. doi:10.1111/1471-0528.16276

Publicada em: 07/05/2020 – BOLETIM #5

Efeitos do COVID-19 em gestantes:

Publicações científicas, somando 38 gestações na China (todas infectadas por SARS-Cov-2 no terceiro trimestre de gravidez), indicam que as grávidas não tiveram sintomas mais graves do que as mulheres que não estão grávidas.1-6 Um relatório da missão conjunta da Organização Mundial da Saúde na China, também observou 147 gestações, sendo 64 confirmadas para o SARS-Cov-2. Doença grave ocorreu em 8% das mulheres, e crítica em 1%. Este relatório conclui que o curso da doença respiratória por SARS-Cov-2 em grávidas não é diferente do restante da população sem outros riscos.2 Um estudo observou maior frequência de complicações maternas em gestantes positivas ou com suspeita de COVID-19 do que no grupo controle. Nenhuma destas complicações foi considerada grave.13

Uma revisão sistemática recente incluiu 18 artigos publicados com um total de 114 gestantes com COVID-19. Todas as infecções foram registradas no terceiro trimestre. As características clínicas da infecção nas mulheres gestantes não foram diferentes de mulheres adultas não gestantes na mesma idade.16,17

Crianças que nasceram de mães com COVID-19 durante a gravidez:

Ainda é cedo para saber se o vírus tem efeito teratogênico (causar anormalidades) no feto. Mas o vírus não foi detectado em testes de líquido amniótico, sangue de cordão umbilical ou secreção de garganta do recém-nascido, o que parece indicar que até o momento não temos evidencia de transmissão intra-uterina (vertical). 6,7,16,17

Um estudo publicado ainda em fevereiro conseguiu testar 9/10 neonatos nascidos de mães chinesas com COVID-19 confirmado no final da gravidez. Todos os testes foram negativos, mas alguns bebês apresentaram complicações neonatais como dificuldade respiratória, prematuridade, febre e trombocitopenia. No momento que o artigo foi publicado, cinco tinham tido alta em bom estado de saúde, um tinha ido a óbito e 4 estavam ainda internados, mas estáveis. 8

Três bebês nascidos de um grupo de 33 gestantes com COVID-19 acompanhadas na China, apresentaram infecção no período neonatal. Todos os três nasceram por cesariana e apresentaram febre e letargia (apatia) durante a primeira semana de vida, mas foram sintomas leves e todos se recuperaram em poucos dias. O RX dos neonatos foi compatível com pneumonia. Coleta de material por swab anais e nasofaríngeos para análise virológica, confirmaram a infecção na primeira semana. Nos três casos os testes virológicos negativaram no sexto dia de vida (2 bebês) e outro no sétimo dia (1 bebê). 9

Um outro artigo também realizado na China, em Wuhan, descreveu quatro casos nascidos de gestantes com infecção por SARS-Cov-2, três dos quais deram consentimento para realização de teste laboratorial. Destes três, nenhum testou positivo para SARS-Cov-2. Todas as mães tiveram a infecção no terceiro trimestre. Nenhum dos quatro neonatos (incluindo o bebê que não foi testado laboratorialmente) teve sintomas como diarreia, febre ou tosse. Apenas um teve dispneia (dificuldade respiratória) que resolveu após três dias de ventilação mecânica não-invasiva (não foi necessário entubar).10

Um caso de recém-nascido na China, teve virologia positiva duas horas após seu nascimento, bem como títulos para IgM (anticorpos) positivos, sendo provavelmente caso de transmissão intra-útero.11

Um artigo descreveu o caso de um neonato de 15 dias de idade positivo para SARS-CoV-212. Ele apresentava febre, letargia, dificuldade respiratória sem tosse e manchas cutâneas. Nasceu por cesariana e os dois pais apresentavam histórico de febre e tosse. O neonato apresentou melhora do quadro e teve alta após 6 dias de internação. Um estudo avaliou 16 gestantes positivas para SARS-CoV-2 e 18 casos suspeitos.13 Observaram mais complicações maternas em gestantes positivas ou com suspeita de COVID-19 do que no grupo controle. Contudo, não foram observaras complicações graves maternas ou neonatais. Além disso, nenhum neonato testou positivo para SARS-CoV-2. Ainda sobre o risco de transmissão materno-fetal, um estudo apresentou dois casos de gestantes positivas para COVID-19, eles não detectaram SARS-CoV-2 em nenhum dos neonatos.14 Além disso, uma revisão de casos de artigos dados oficiais publicados, observou que dentre as gestantes infectadas por SARS-CoV-2 avaliadas, nenhum neonato ou placenta testou positivo para COVID-19.15,16,17

Uma revisão sistemática incluindo artigos publicados até abril de 2020 incluiu 114 gestações  com os seguintes desfechos foram registrados: nascidos mortos (1,2%), morte neonatal (1,2%), parto prematuro (21,3%), peso ao nascimento inferior a 2.500g (5,3%), sofrimento fetal (10,7%) e asfixia neonatal (1,2%).16

Em conclusão, a maioria dos trabalhos mostra que alguns bebês podem ser infectados no momento do parto, mas até o momento não há nenhuma evidencia de transmissão intra-uterina (vertical) comprovada. Os sintomas, nestes recém-nascidos com infecção confirmada foram leves e reversíveis. Todos estavam em boa saúde ao final de uma semana. Um único trabalho mostrou desfechos adversos em bebês sem a infecção o que pode ser decorrente da condição clínica materna no final da gravidez. Houve um óbito de um bebê não infectado.

O que sabemos sobre OUTRAS infeções virais ou outros coronavírus:

Sabemos que infecções por outros tipos de vírus podem causar efeitos adversos, como o vírus da rubéola e o da zika.

Por outro lado, até o momento, os Coronavírus como grupo (o SARS-Cov-2 é um dos vírus deste grupo) não são caracterizados como teratogênicos (causadores de malformações no feto), mas a doença materna pode causar outras complicações.

A febre alta pode causar problemas fetais e deve ser controlada. Na gravidez, a maioria dos antitérmicos é considerada segura, mas os anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, DEVEM SER EVITADOS no terceiro trimestre, e a preferência é para dipirona e paracetamol.1

Riscos de prematuridade e aborto:

Dados ainda inconclusivos da China indicam que pode haver maior risco de perda gestacional (aborto, natimorto) ou prematuridade. Outros trabalhos não mostraram este desfecho.8,16

Amamentação:

Amostras de leite de algumas poucas mulheres lactantes não detectaram a presença do SARS-Cov-2 no leite materno.6 Mães assintomáticas ou com sintomas leves podem amamentar, mas com uso de medidas de proteção para evitar a transmissão para o bebê. O Ministério da Saúde do Brasil recomenda a manutenção da amamentação em mulheres com COVID-19 desde que tomados cuidados de higienização adequados: (https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/Protocolo-de-Manejo-Cl–nico-para-o-Covid-19.pdf)

IMPORTANTE:
É importante salientar que em média 10 a 15% de todas as gestações terminam em perda (abortos) e as malformações congênitas acontecem em 3 a 5% de todos os recém-nascidos. Estes dados são uma média para todas as populações do mundo ao longo dos anos, e chamamos de risco base.

Referências Bibliográficas:

1 Chen D, Yang H, Cao Y, et al. Expert consensus for managing pregnant women and neonates born to mothers with suspected or confirmed novel coronavirus (COVID-19) infection [published online ahead of print, 2020 Mar 20]. Int J Gynaecol Obstet. 2020;10.1002/ijgo.13146. doi:10.1002/ijgo.13146

2 World Health Organization. Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

3 Liu Y, Chen H, Tang K, Guo Y. Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy [published online ahead of print, 2020 Mar 4]. J Infect. 2020;S0163-4453(20)30109-2. doi:10.1016/j.jinf.2020.02.028

4 Liu D, Li L, Wu X, et al. Pregnancy and Perinatal Outcomes of Women With Coronavirus Disease (COVID-19) Pneumonia: A Preliminary Analysis [published online ahead of print, 2020 Mar 18]. AJR Am J Roentgenol. 2020;1–6. doi:10.2214/AJR.20.23072

5 Schwartz DA. An Analysis of 38 Pregnant Women with COVID-19, Their Newborn Infants, and Maternal-Fetal Transmission of SARS-CoV-2: Maternal Coronavirus Infections and Pregnancy Outcomes [published online ahead of print, 2020 Mar 17]. Arch Pathol Lab Med. 2020;10.5858/arpa.2020-0901-SA. doi:10.5858/arpa.2020-0901-AS

6 Chen H, Guo J, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y.Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet. 2020 Mar 7;395(10226):809-815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3.

7 Li Y, Zhao R, Zheng S, et al. Lack of Vertical Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, China. Emerg Infect Dis. 2020;26(6):10.3201/eid2606.200287. doi:10.3201/eid2606.200287

8 Zhu H, Wang L, Fang C, et al.  Clinical analysis of 10 neonates born to mothers with 2019-nCoV pneumonia.  Transl Pediatr. 2020;9(1):51-60. doi:10.21037/tp.2020.02.06

9 Zeng L, Xia S, Yuan W, et al. Neonatal Early-Onset Infection With SARS-CoV-2 in 33 Neonates Born to Mothers With COVID-19 in Wuhan, China [published online ahead of print, 2020 Mar 26]. JAMA Pediatr. 2020;10.1001/jamapediatrics.2020.0878. doi:10.1001/jamapediatrics.2020.0878

10 Chen Y, Peng H, Wang L, Zhao Y, Zeng L, Gao H and Liu Y (2020) Infants Born to Mothers With a New Coronavirus (COVID-19). Front. Pediatr. 8:104. Doi:10.3389/fped.2020.00104

11 Dong L, Tian J, He S, et al. Possible Vertical Transmission of SARS-CoV-2 From an Infected Mother to Her Newborn [published online ahead of print, 2020 Mar 26]. JAMA. 2020;10.1001/jama.2020.4621. doi:10.1001/jama.2020.4621

12Aghdam MK, Jafari N& Eftekhari K. Novel coronavirus in a 15-day-old neonate with clinical signs of sepsis, a case report, Infectious Diseases. [Published online ahead of print, 2020 Apr 1]. Infect Dis. 2020. doi: 10.1080/23744235.2020.1747634

13Li N, Han L,Peng M, et al. Maternal and Neonatal Outcomes of Pregnant Women With COVID-19 Pneumonia: A Case-Control Study. [Published online ahead of print, 2020 Mar 30]. Clin Infect Dis. 2020. doi: 10.1093/cid/ciaa352

14Fan C, Di Lei, Fang C et al. Perinatal Transmission of COVID-19 Associated SARS-CoV-2: Should We Worry? [Published ahead of print, 2020 Mar 17]. Clin Infect Dis. 2020. doi: 10.1093/cid/ciaa226

15Karimi-Zarchi M, Neamatzadeh H,  Dastghei SA et al.Vertical Transmission of Coronavirus Disease 19 (COVID-19) From Infected Pregnant Mothers to Neonates: A Review. [Published online ahead of print, 2020 Apr 2]. Fetal Pediatr Pathol. 2020. doi: 10.1080/15513815.2020.1747120

16Yang Z, Wang M, Zhu Z, Liu Y. Coronavirus disease 2019 (COVID-19) and pregnancy: a systematic review [published online ahead of print, 2020 Apr 30]. J Matern Fetal Neonatal Med. 2020;1‐4. doi:10.1080/14767058.2020.1759541

17Qiancheng X, Jian S, Lingling P, et al. Coronavirus disease 2019 in pregnancy [published online ahead of print, 2020 Apr 27]. Int J Infect Dis. 2020;S1201-9712(20)30280-0. doi:10.1016/j.ijid.2020.04.065

18Wu Y, Liu C, Dong L, et al. Coronavirus disease 2019 among pregnant Chinese women: Case series data on the safety of vaginal birth and breastfeeding [published online ahead of print, 2020 May 5]. BJOG. 2020;10.1111/1471-0528.16276. doi:10.1111/1471-0528.16276

Publicada em: 07/04/2020 – BOLETIM #4

Boa notícia!

Publicações científicas somando 38 gestações na China (todas infectadas por SARS-Cov-2 no terceiro trimestre de gravidez) indicam que as gravidas não tem sintomas mais graves do que as mulheres que não estão grávidas.1-6 Um relatório da missão conjunta da Organização Mundial da Saúde na China, também observou 147 gestações, sendo 64 confirmadas para o SARS-Cov-2. Doença grave ocorreu em 8% das mulheres, e crítica em 1%. Este relatório conclui que o curso da doença respiratória por SARS-Cov-2 em grávidas não é diferente do restante da população sem outros riscos.2 Um estudo observou maior frequência de complicações maternas em gestantes positivas ou com suspeita de COVID-19 do que no grupo controle. Nenhuma destas complicações foi considerada grave13.

Crianças que nasceram de mães com Covid-19 durante a gravidez:

Ainda é cedo para saber se o vírus tem efeito teratogênico (causar anormalidades) no feto. Mas o vírus não foi detectado em alguns poucos testes de líquido amniótico, sangue de cordão umbilical ou secreção de garganta do recém-nascido. 6,7

Um estudo publicado ainda em fevereiro conseguiu testar 9/10 neonatos nascidos de mães chinesas com Covid-19 confirmado no final da gravidez. Todos os testes foram negativos, mas alguns bebês apresentaram complicações neonatais como dificuldade respiratória, prematuridade, febre e trombocitopenia. No momento que o artigo foi publicado, cinco tinham tido alta em bom estado de saúde, um tinha ido a óbito e 4 estavam ainda internados, mas estáveis. 8

Três bebês nascidos de um grupo de 33 gestantes com Covid-19 acompanhadas na China, apresentaram infecção no período neonatal. Todos os três nasceram por cesariana e apresentaram febre e letargia (apatia) durante a primeira semana de vida, mas foram sintomas leves e todos se recuperaram em poucos dias. O RX dos neonatos foi compatível com pneumonia. Coleta de material por swab anais e nasofaríngeos para análise virológica, confirmaram a infecção na primeira semana. Nos três casos os testes virológicos negativaram no sexto dia de vida (2 bebês) e outro no sétimo dia (1 bebê). 9

Um outro artigo também realizado na China, em Wuhan, descreveu quatro casos nascidos de gestantes com infecção por SARS-Cov-2, três dos quais deram consentimento para realização de teste laboratorial. Destes três, nenhum testou positivo para SARS-Cov-2. Todas as mães tiveram a infecção no terceiro trimestre. Nenhum dos quatro neonatos (incluindo o bebê que não foi testado laboratorialmente) teve sintomas como diarreia, febre ou tosse. Apenas um teve dispneia (dificuldade respiratória) que resolveu após três dias de ventilação mecânica não-invasiva (não foi necessário entubar).10

Um caso de recém-nascido na China, teve virologia positiva duas horas após seu nascimento, bem como títulos para IgM (anticorpos) positivos, sendo provavelmente caso de transmissão intra-utero.11

Um artigo descreveu o caso de um neonato de 15 dias de idade positivo para SARS-CoV-212. Ele apresentava febre, letargia, dificuldade respiratória sem tosse e manchas cutâneas. Nasceu por cesariana e os dois pais apresentavam histórico de febre e tosse. O neonato apresentou melhora do quadro e teve alta após 6 dias de internação. Um estudo avaliou 16 gestantes positivas para SARS-CoV-2 e 18 casos suspeitos13. Observaram mais complicações maternas em gestantes positivas ou com suspeita de COVID-19 do que no grupo controle. Contudo, não foram observaras complicações graves maternas ou neonatais. Além disso, nenhum neonato testou positivo para SARS-CoV-2. Ainda sobre o risco de transmissão materno-fetal, um estudo apresentou dois casos de gestantes positivas para COVID-19, eles não detectaram SARS-CoV-2 em nenhum dos neonatos14. Além disso, uma revisão de casos de artigos dados oficiais publicados, observou que dentre as gestantes infectadas por SARS-CoV-2 avaliadas, nenhum neonato ou placenta testou positivo para COVID-1915.

Em conclusão, a maioria dos trabalhos mostra que alguns bebês podem ser infectados no momento do parto. Provável transmissão placentária ainda foi descrita em um único caso de mãe com infecção no final da gravidez. Os sintomas, nestes recém-nascidos com infecção confirmada foram leves e reversíveis. Todos estavam em boa saúde ao final de uma semana. Um único trabalho mostrou desfechos adversos em bebês sem a infecção o que pode ser decorrente da condição clínica materna no final da gravidez. Houve um óbito de um bebê não infectado.

O que sabemos sobre OUTRAS infeções virais ou outros coronavírus:

Sabemos que infecções por outros tipos de vírus podem causar efeitos adversos, como o vírus da rubéola e o da zika. Por outro lado, até o momento, os Coronavirus como grupo (o SARS-Cov-2 é um dos vírus deste grupo) não são caracterizados como teratogênicos (causadores de malformações no feto), mas a doença materna pode causar outras complicações. 5

A febre alta pode causar problemas fetais e deve ser controlada. Na gravidez, a maioria dos antitérmicos é considerada segura, mas os anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, DEVEM SER EVITADOS no terceiro trimestre, e a preferência é para dipirona e paracetamol.1

Riscos de prematuridade e aborto: Dados ainda inconclusivos da China indicam que pode haver maior risco de perda gestacional (aborto, natimorto) ou prematuridade. Outros trabalhos não mostraram este desfecho.8

Amamentação: Amostras de leite de algumas poucas mulheres lactantes não detectaram a presença do SARS-Cov-2 no leite materno.6 Mães assintomáticas ou com sintomas leves podem amamentar, mas com uso de medidas de proteção para evitar a transmissão para o bebê. O Ministerio da Saude do Brasil recomenda a manutenção da amamentação em mulheres com COVID-19 desde que tomados cuidados de higienização adequados:  (https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/Protocolo-de-Manejo-Cl–nico-para-o-Covid-19.pdf)

IMPORTANTE:
É importante salientar que em média 10 a 15% de todas as gestações terminam em perda (abortos) e as malformações congênitas acontecem em 3 a 5% de todos os recém-nascidos. Estes dados são uma média para todas as populações do mundo ao longo dos anos, e chamamos de risco base.

Referências Bibliográficas:

1 Chen D, Yang H, Cao Y, et al. Expert consensus for managing pregnant women and neonates born to mothers with suspected or confirmed novel coronavirus (COVID-19) infection [published online ahead of print, 2020 Mar 20]. Int J Gynaecol Obstet. 2020;10.1002/ijgo.13146. doi:10.1002/ijgo.13146

2 World Health Organization. Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

3 Liu Y, Chen H, Tang K, Guo Y. Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy [published online ahead of print, 2020 Mar 4]. J Infect. 2020;S0163-4453(20)30109-2. doi:10.1016/j.jinf.2020.02.028

4 Liu D, Li L, Wu X, et al. Pregnancy and Perinatal Outcomes of Women With Coronavirus Disease (COVID-19) Pneumonia: A Preliminary Analysis [published online ahead of print, 2020 Mar 18]. AJR Am J Roentgenol. 2020;1–6. doi:10.2214/AJR.20.23072

5 Schwartz DA. An Analysis of 38 Pregnant Women with COVID-19, Their Newborn Infants, and Maternal-Fetal Transmission of SARS-CoV-2: Maternal Coronavirus Infections and Pregnancy Outcomes [published online ahead of print, 2020 Mar 17]. Arch Pathol Lab Med. 2020;10.5858/arpa.2020-0901-SA. doi:10.5858/arpa.2020-0901-AS

6 Chen H, Guo J, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y.Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet. 2020 Mar 7;395(10226):809-815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3.

7 Li Y, Zhao R, Zheng S, et al. Lack of Vertical Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, China. Emerg Infect Dis. 2020;26(6):10.3201/eid2606.200287. doi:10.3201/eid2606.200287

8 Zhu H, Wang L, Fang C, et al.  Clinical analysis of 10 neonates born to mothers with 2019-nCoV pneumonia.  Transl Pediatr. 2020;9(1):51-60. doi:10.21037/tp.2020.02.06

9 Zeng L, Xia S, Yuan W, et al. Neonatal Early-Onset Infection With SARS-CoV-2 in 33 Neonates Born to Mothers With COVID-19 in Wuhan, China [published online ahead of print, 2020 Mar 26]. JAMA Pediatr. 2020;10.1001/jamapediatrics.2020.0878. doi:10.1001/jamapediatrics.2020.0878

10 Chen Y, Peng H, Wang L, Zhao Y, Zeng L, Gao H and Liu Y (2020) Infants Born to Mothers With a New Coronavirus (COVID-19). Front. Pediatr. 8:104. Doi:10.3389/fped.2020.00104

11 Dong L, Tian J, He S, et al. Possible Vertical Transmission of SARS-CoV-2 From an Infected Mother to Her Newborn [published online ahead of print, 2020 Mar 26]. JAMA. 2020;10.1001/jama.2020.4621. doi:10.1001/jama.2020.4621

12Aghdam MK, Jafari N& Eftekhari K. Novel coronavirus in a 15-day-old neonate with clinical signs of sepsis, a case report, Infectious Diseases. [Published online ahead of print, 2020 Apr 1]. Infect Dis. 2020. doi: 10.1080/23744235.2020.1747634

13Li N, Han L,Peng M, et al. Maternal and Neonatal Outcomes of Pregnant Women With COVID-19 Pneumonia: A Case-Control Study. [Published online ahead of print, 2020 Mar 30]. Clin Infect Dis. 2020. doi: 10.1093/cid/ciaa352

14Fan C, Di Lei, Fang C et al. Perinatal Transmission of COVID-19 Associated SARS-CoV-2: Should We Worry? [Published ahead of print, 2020 Mar 17]. Clin Infect Dis. 2020. doi: 10.1093/cid/ciaa226

15Karimi-Zarchi M, Neamatzadeh H,  Dastghei SA et al.Vertical Transmission of Coronavirus Disease 19 (COVID-19) From Infected Pregnant Mothers to Neonates: A Review. [Published online ahead of print, 2020 Apr 2]. Fetal Pediatr Pathol. 2020. doi: 10.1080/15513815.2020.1747120

Publicada em: 27/03/2020 – BOLETIM #3

O que muda em relação ao BOLETIM #2 de 22/03/2020
– atualização sobre bebês nascidos de gestantes com Covid-19 no período do parto – três afetados por Covid-19, todos com sintomas leves que regrediram em poucos dias, sobreviveram, nenhuma malformação. Um caso de possível transmissão vertical transplacentária.

Boa notícia!

Publicações científicas somando 38 gestações na China (todas infectadas por Covid-19 no terceiro trimestre de gravidez) indicam que as grávidas não tem sintomas mais graves do que as mulheres que não estão grávidas.1-6 Um relatório da missão conjunta da Organização Mundial da Saúde na China, também observou 147 gestações, sendo 64 confirmadas para o Covid-19. Doença grave ocorreu em 8% das mulheres, e crítica em 1%. Este relatório conclui que o curso da doença respiratória por Covid-19 em grávidas não é diferente do restante da população sem outros riscos.2

Crianças que nasceram de mães com Covid-19 durante a gravidez: Ainda é cedo para saber se o vírus tem efeito teratogênico (causar defeitos) no feto. Mas o vírus não foi detectado em alguns poucos testes de líquido amniótico, sangue de cordão umbilical ou secreção de garganta do recém-nascido.6,7

Um estudo publicado ainda em fevereiro conseguiu testar 9/10 neonatos nascidos de mães chinesas com Covid-19 confirmado no final da gravidez. Todos os testes foram negativos, mas alguns bebês tiveram complicações neonatais como dificuldade respiratória, prematuridade, febre e trombocitopenia. No momento que o artigo foi publicado, cinco tinham tido alta em bom estado de saúde, um tinha ido a óbito e 4 estavam ainda internados, mas estáveis.8

Três bebês nascidos de um grupo de 33 gestantes com Covid-19 acompanhadas na China, apresentaram infecção no período neonatal. Todos os três nasceram por cesariana e apresentaram febre e letargia durante a primeira semana de vida, mas foram sintomas leves e todos se recuperaram em poucos dias. O RX dos neonatos foi compatível com pneumonia. Coleta de material por swab anais e nasofaríngeos para análise virológica, confirmaram a infecção na primeira semana. Nos três casos os testes virológicos negativaram no sexto dia de vida (2 bebes) e outro no sétimo dia (1 bebê).9

Um outro artigo também realizado na China, em Wuhan, descreveu quatro casos nascidos de gestantes com infecção por Covid-19, três dos quais deram consentimento para realização de teste laboratorial. Destes três, nenhum testou positivo para Covid-19. Todas as mães tiveram a infecção no terceiro trimestre. Nenhum dos quatro neonatos (incluindo o bebê que não foi testado laboratorialmente) teve sintomas como diarreia, febre ou tosse. Apenas um teve dispneia que resolveu após três dias de ventilação mecânica não-invasiva (não foi necessário entubar).10

Um caso de recém-nascido na China, teve virologia positiva duas horas após seu nascimento, bem como títulos para IgM positivos, sendo provavelmente caso de transmissão intra-útero.11

Em conclusão, a maioria dos trabalhos mostra que alguns bebês podem ser infectados no momento do parto. Provável transmissão placentária ainda foi descrita em um único caso de mãe com infecção no final da gravidez. Os sintomas, nestes recém-nascidos com infecção confirmada foram leves e reversíveis. Todos estavam em boa saúde ao final de uma semana. Um único trabalho mostrou desfechos adversos em bebês sem a infecção o que pode ser decorrente da condição clínica materna no final da gravidez. Houve um óbito de um bebê não infectado.

O que sabemos sobre OUTRAS infeções virais ou outros coronavírus: Sabemos que infecções por outros tipos de vírus podem causar efeitos adversos, como o vírus da rubéola e o da zika.

Por outro lado, até o momento, os Coronavírus como grupo (o Covid-19 é um dos vírus deste grupo) não são caracterizados como teratogênicos (causadores de malformações no feto), mas a doença materna pode causar outras complicações. 5

A febre alta pode causar problemas fetais e deve ser controlada. Na gravidez a maioria dos antitérmicos é considerada segura, mas os anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, DEVEM ser evitados no terceiro trimestre, e a preferência é para dipirona e paracetamol.1

Riscos de prematuridade e aborto: Dados ainda inconclusivos da China indicam que pode haver maior risco de perda gestacional (aborto, natimorto) ou prematuridade. Outros trabalhos não mostraram este desfecho.8

Amamentação: Amostras de leite de algumas poucas mulheres lactantes não detectaram a presença do Covid-19 no leite materno.6

IMPORTANTE:
É importante salientar que em média 10 a 15% de todas as gestações terminam em perda (abortos) e as malformações congênitas acontecem em 3 a 5% de todos os recém-nascidos. Estes dados são uma média para todas as populações do mundo ao longo dos anos, e chamamos de risco base.

Referências Bibliográficas:

1 Chen D, Yang H, Cao Y, et al. Expert consensus for managing pregnant women and neonates born to mothers with suspected or confirmed novel coronavirus (COVID-19) infection [published online ahead of print, 2020 Mar 20]. Int J Gynaecol Obstet. 2020;10.1002/ijgo.13146. doi:10.1002/ijgo.13146

2 World Health Organization. Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

3 Liu Y, Chen H, Tang K, Guo Y. Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy [published online ahead of print, 2020 Mar 4]. J Infect. 2020;S0163-4453(20)30109-2. doi:10.1016/j.jinf.2020.02.028

4 Liu D, Li L, Wu X, et al. Pregnancy and Perinatal Outcomes of Women With Coronavirus Disease (COVID-19) Pneumonia: A Preliminary Analysis [published online ahead of print, 2020 Mar 18]. AJR Am J Roentgenol. 2020;1–6. doi:10.2214/AJR.20.23072

5 Schwartz DA. An Analysis of 38 Pregnant Women with COVID-19, Their Newborn Infants, and Maternal-Fetal Transmission of SARS-CoV-2: Maternal Coronavirus Infections and Pregnancy Outcomes [published online ahead of print, 2020 Mar 17]. Arch Pathol Lab Med. 2020;10.5858/arpa.2020-0901-SA. doi:10.5858/arpa.2020-0901-AS

6 Chen H, Guo J, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y.Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet. 2020 Mar 7;395(10226):809-815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3.

7 Li Y, Zhao R, Zheng S, et al. Lack of Vertical Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, China. Emerg Infect Dis. 2020;26(6):10.3201/eid2606.200287. doi:10.3201/eid2606.200287

8 Zhu H, Wang L, Fang C, et al.  Clinical analysis of 10 neonates born to mothers with 2019-nCoV pneumonia.  Transl Pediatr. 2020;9(1):51-60. doi:10.21037/tp.2020.02.06

9 Zeng L, Xia S, Yuan W, et al. Neonatal Early-Onset Infection With SARS-CoV-2 in 33 Neonates Born to Mothers With COVID-19 in Wuhan, China [published online ahead of print, 2020 Mar 26]. JAMA Pediatr. 2020;10.1001/jamapediatrics.2020.0878. doi:10.1001/jamapediatrics.2020.0878

10 Chen Y, Peng H, Wang L, Zhao Y, Zeng L, Gao H and Liu Y (2020) Infants Born to Mothers With a New Coronavirus (COVID-19). Front. Pediatr. 8:104. Doi:10.3389/fped.2020.00104

11 Dong L, Tian J, He S, et al. Possible Vertical Transmission of SARS-CoV-2 From an Infected Mother to Her Newborn [published online ahead of print, 2020 Mar 26]. JAMA. 2020;10.1001/jama.2020.4621. doi:10.1001/jama.2020.4621

Publicada em: 22/03/2020

Boa notícia!

Publicações científicas somando 38 gestações na China (todas infectadas por Covid-19 no terceiro trimestre de gravidez) indicam que as grávidas não tem sintomas mais graves do que as mulheres que não estão grávidas. Um relatório da missão conjunta da Organização Mundial da Saúde na China, também observou 147 gestações, sendo 64 confirmadas para o Covid-19. Doença grave ocorreu em 8% das mulheres, e crítica em 1%. Este relatório conclui que o curso da doença respiratória por Covid-19 em grávidas não é diferente do restante da população sem outros riscos.

Não sabemos, mas é tranquilizador:
Ainda é cedo para saber se o vírus tem efeito teratogênico (causar defeitos) no feto. Mas o vírus não foi detectado em alguns poucos testes de líquido amniótico, sangue de cordão umbilical ou secreção de garganta do recém-nascido. Em outras palavras, até o momento não há evidência de transmissão vertical (transplacentária) do vírus. Há um único caso de um recém-nascido na Inglaterra (noticiado em um jornal britânico), que tinha teste positivo por Covid-19 minutos após o nascimento de uma mãe infectada.

O que sabemos sobre OUTRAS infecções virais ou outros coronavírus:
Sabemos que infecções por outros tipos de vírus podem causar efeitos adversos, como o vírus da rubéola e o da zika.

Por outro lado, até o momento, os Coronavírus como grupo (o Covid-19 é um dos vírus deste grupo) não são caracterizados como teratogênicos (causadores de malformações no feto), mas a doença materna pode causar outras complicações.

A febre alta pode causar problemas fetais e deve ser controlada. Na gravidez, a maioria dos antitérmicos é considerada segura, mas os anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, DEVEM ser evitados no terceiro trimestre, e a preferência é para dipirona e paracetamol.

Riscos de prematuridade e aborto:
Dados ainda inconclusivos da China indicam que pode haver maior risco de perda gestacional (aborto, natimorto) ou prematuridade. Outros trabalhos não mostraram este desfecho.

Amamentação:
Amostras de leite de algumas poucas mulheres lactantes não detectaram a presença do Covid-19 no leite materno.

IMPORTANTE:
É importante salientar que em média 10 a 15% de todas as gestações terminam em perda (abortos) e as malformações congênitas acontecem em 3 a 5% de todos os recém-nascidos. Estes dados são uma média para todas as populações do mundo ao longo dos anos, e chamamos de risco base.

Referências principais:

  • Chen D, Yang H, Cao Y, et al. Expert consensus for managing pregnant women and neonates born to mothers with suspected or confirmed novel coronavirus (COVID-19) infection [published online ahead of print, 2020 Mar 20]. Int J Gynaecol Obstet. 2020;10.1002/ijgo.13146. doi:10.1002/ijgo.13146

  • Chen H, Guo J, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y.Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Lancet. 2020 Mar 7;395(10226):809-815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3

  • Li Y, Zhao R, Zheng S, et al. Lack of Vertical Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, China [published online ahead of print, 2020 Jun 17]. Emerg Infect Dis. 2020;26(6):10.3201/eid2606.200287. doi:10.3201/eid2606.200287

  • Liu D, Li L, Wu X, et al. Pregnancy and Perinatal Outcomes of Women With Coronavirus Disease (COVID-19) Pneumonia: A Preliminary Analysis [published online ahead of print, 2020 Mar 18]. AJR Am J Roentgenol. 2020;1–6. doi:10.2214/AJR.20.23072

  • Liu Y, Chen H, Tang K, Guo Y. Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy [published online ahead of print, 2020 Mar 4]. J Infect. 2020;S0163-4453(20)30109-2. doi:10.1016/j.jinf.2020.02.028

  • Schwartz DA. An Analysis of 38 Pregnant Women with COVID-19, Their Newborn Infants, and Maternal-Fetal Transmission of SARS-CoV-2: Maternal Coronavirus Infections and Pregnancy Outcomes [published online ahead of print, 2020 Mar 17]. Arch Pathol Lab Med. 2020;10.5858/arpa.2020-0901-SA. doi:10.5858/arpa.2020-0901-AS

  • World Health Organization. Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

Publicada em: 19/03/2020

Boa notícia!

Relatos vindos da China e Itália indicam que mulheres grávidas NÃO apresentam sintomas mais graves do que as que não estão grávidas.

Não sabemos ao certo, mas é tranquilizador:
Ainda é cedo para saber se o vírus tem efeito teratogênico (causar defeitos) no feto. Mas o vírus não foi detectado em alguns poucos testes de líquido amniótico, sangue de cordão umbilical ou secreção de garganta do recém-nascido. Por outro lado, um recém-nascido na Inglaterra (noticiado em um jornal britânico), tinha teste positivo por Covid-19 minutos após o nascimento de uma mãe infectada.

O que sabemos sobre outras infeções virais ou outros coronavírus:
Sabemos que infecções por outros tipos de vírus podem causar efeitos. Até o momento, os Coronavírus como grupo (o Covid-19 é um dos vírus deste grupo) não são caracterizados como teratogênicos (causadores de malformações no feto), mas a doença materna pode causar outras complicações. A febre pode causar problemas fetais.

Riscos de prematuridade e aborto:
Dados ainda inconclusivos da China indicam que pode haver maior risco de perda gestacional (aborto, natimorto) ou prematuridade.

Amamentação:
Amostras de leite de algumas poucas mulheres lactantes não detectaram a presença do Covid-19 no leite materno.

Importante:
É importante salientar que em média 10 a 15% de todas as gestações terminam em perda (abortos) e as malformações congênitas acontecem em 3 a 5% de todos os recém-nascidos. Estes dados são uma média para todas as populações do mundo, ao longo dos anos, e chamamos de risco base.

Referências principais:

  • LiveScience.com: newborn-has-coronavirus-london https://www.livescience.com/newborn-has-coronavirus-london.html
  • Clinical characteristics and intrauterine vertical transmission potential of COVID-19 infection in nine pregnant women: a retrospective review of medical records. Chen H, Guo J, Wang C, Luo F, Yu X, Zhang W, Li J, Zhao D, Xu D, Gong Q, Liao J, Yang H, Hou W, Zhang Y. Lancet. 2020 Mar 7;395(10226):809-815. doi: 10.1016/S0140-6736(20)30360-3.
  • Yangli Liu , Haihong Chen , Kejing Tang , Yubiao Guo , Clinical manifestations and outcome of SARS-CoV-2 infection during pregnancy, Journal of Infection (2020), doi: https://doi.org/10.1016/j.jinf.2020.02.028
  • Royal college of obstetricians and gynaecologists. COVID-19 Virus Infection and Pregnancy. https://www.rcog.org.uk/en/guidelines-research-services/guidelines/coronavirus-pregnancy/covid-19-virus-infection-and-pregnancy/
  • The American College of Obstetrics and Gynecology. Practice Advisory: Novel Coronavirus 2019 (COVID-19). https://www.acog.org/Clinical-Guidance-and-Publications/Practice-Advisories/Practice-Advisory-Novel-Coronavirus2019?IsMobileSet=false

Veja também informações sobre o uso da vacina no tratamento de COVID-19 durante a gravidez.

Veja também informações sobre o uso de medicamentos no tratamento de COVID-19 durante a gravidez.

Atenção:
Estas informações estão sendo atualizadas diariamente e faremos novas edições a cada dia. Neste momento, estamos revisando os protocolos de tratamento em andamento e vamos atualizar em breve sobre segurança/riscos de tratamentos durante a gravidez.

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