Rubéola Congênita
A Rubéola Congênita é uma doença infecciosa causada por um vírus do gênero rubivírus, da família Togaviridae, cuja importância está ligada à sua capacidade de produzir sérios problemas congênitos em recém-nascidos de mães que contraem a doença durante a gestação, especialmente no 1º trimestre.
Sua transmissão ocorre através do contato com pessoas infectadas, sendo o período de máxima contagiosidade alguns dias antes e durante o aparecimento dos primeiros sintomas. O primeiro sintoma, em crianças, costuma ser as lesões de pele (exantema), mas, em adultos jovens, pode haver sintomas inespecíficos que precedem a erupção cutânea de alguns dias, como febre, anorexia, dor de garganta, tosse discreta, conjuntivite e dor de cabeça. Ínguas atrás das orelhas e atrás da cabeça também podem ocorrer. O exantema aparece primeiro na face e rapidamente espalha-se pelo corpo no final do primeiro dia, surgindo sob forma de manchas ou “bolinhas”, róseas, discretas e não confluentes, que desaparecem em até três dias. Em 50% dos casos, a infecção ocorre sem a presença dos sintomas.
Acredita-se que 70 a 80% das mulheres em idade fértil sejam imunes à rubéola. Contudo, 20 a 30% das mulheres que podem engravidar são suscetíveis à doença e devem ser vacinadas até 90 dias antes da concepção, devendo evitar a gravidez no prazo mínimo de três meses após terem recebido a vacina.
Atualmente, dispõe-se de um exame de sangue chamado Inibição da Hemaglutinação (IH) que é capaz de informar se a pessoa é ou não imune ao vírus da rubéola. Pessoas com valores de IH > ou = a 1/16 estão protegidas, enquanto que uma IH < 1/16 indica que a pessoa ainda pode ter a infecção. Esse mesmo exame, Inibição da Hemaglutinação, também é realizado para o diagnóstico da doença em gestantes e repetido 2 a 4 semanas após. Uma elevação de 4 vezes ou mais no valor inicial é muito sugestiva de infecção recente. Outro teste, o ELISA IgM (mede a quantidade de anticorpos ou defesas recentes do organismo), deve ser realizado quando há a suspeita de rubéola, confirmando a doença se der positivo. No diagnóstico pré-natal, detecta-se ainda IgM no cordão umbilical, além de ser possível o diagnóstico por PCR (reação em cadeia da polimerase) em líquido amniótico.
A Rubéola Congênita ocorre apenas quando as mulheres apresentam a infecção ativa durante a gestação. A síndrome completa da rubéola é mais provável quando a infecção materna ocorre nos primeiros dois meses de gestação. Com menos de 12 semanas de gravidez, por volta de 80% dos fetos são afetados e entre 12 e 16 semanas, metade dos expostos serão afetados. Anormalidades congênitas e retardo de crescimento são raras após 16 semanas de gestação.
A síndrome composta por diversas anormalidades congênitas inclui defeitos cardíacos, surdez e catarata. Muitas crianças afetadas podem apresentar retardo de crescimento, além de outros problemas, tais como: encefalite, microcefalia, sinais de meningomielocele, alterações nos pulmões, fígado e ossos, e diminuição das plaquetas (trombocitopenia).
Não existe tratamento específico para a rubéola, apenas medidas de suporte e combate dos sintomas. Atenção especial deve ser dada à prevenção através da vacinação pelo menos 3 meses antes da gestação. Embora nenhum defeito congênito tenha sido relatado em mulheres que fizeram a vacina durante a gestação, não é aconselhável a vacinação durante a gravidez, devido aos riscos teóricos por tratar-se de vírus atenuados.
Somente 2% das mulheres vacinadas não produzem as defesas suficientes após a infecção. A reinfecção por rubéola ocorre em 80% das mulheres vacinadas e em somente 3% das mulheres previamente infectadas, sendo o risco fetal para a reinfecção menor do que 5%. Esses dados de nenhuma forma diminuem a importância da vacina para a rubéola em mulheres suscetíveis que desejam engravidar.
Mães infectadas pela rubéola podem amamentar normalmente, não sendo necessário o isolamento mãe e filho, porém devem ser afastados dos demais. Entretanto, a exposição ao vírus da rubéola antes dos 15 meses de idade, através da passagem do vírus vivo pelo leite materno ou através da vacina, pode prejudicar a resposta de defesa contra a infecção quando da realização da vacina proposta para aquela idade, embora ainda não se tenha comprovação de uma maior predisposição à infecção posteriormente. A vacina antes dos 15 meses só é recomendada em situações especiais.